terça-feira, 13 de maio de 2008

João bolinha virou gente


Fragmentos

Da obra
João bolinha virou gente

Apresentação
Sabem quem sou? João Bolinha,
boneco desengonçado,
com quem brincar eu não tinha,
pois vivia desprezado.

Entre a turma tagarela
era um boneco prudente;
Um dia, que coisa bela!
Com a luz do sol, virei gente.

De boneco de bolinha
passei a ser menino,
mudou-se toda, todinha
a rota de meu destino.

Terei lucrado ou perdido?
Não lhe posso responder;
Depois de o livro ter lido,
Tudo você vai saber.

Que lhe sirva de lição
Esta simples vida minha;
Eis o que, de coração,
lhe deseja o João Bolinha.

“João Bolinha, olhando os livros, lamentava não conhecer as letras. Quantas histórias bonitas se encontravam naquelas páginas! Estava arrependido de ter virado menino. Por que não pediu que fosse transformado em homem, de uma vez, já sabendo ler?

Como era ruim ser menino de verdade! E por que menino não faz só o que quer? – pensava ele com suas bolinhas. – Que bom se eu voltasse a ser boneco! Mas, que engraçado! Quando eu era boneco, desejava ser menino, andar e falar como gente. Agora, que satisfiz minha vaidade, quero voltar a ser boneco. Que coisa! Nunca estamos contentes com o que somos [...].”

Fonte: www.descubraminas.com.br

Vovô Felício

Vovô Felício

Vicente de Paulo Guimarães

Cronologia
Nasceu: 23 de maio de 1906
Faleceu: 2 de junho de1981
Filiação: Luis Guimarães e Maria Lima Guimarães
Natural de Cordisburgo/MG

Atividades
Jornalista
Escritor
Educador
Inspetor de ensino médio

Trajetória de vida
Vicente Guimarães, o vovô Felício, encantou e embalou o sono de muitas crianças brasileiras. A dedicação à literatura infanto-juvenil lhe fez produzir mais de 40 títulos.

Em 1935, Vicente criou em Belo Horizonte a revista “Caretinha”, dedicada a jovens leitores; dois anos depois, foi o responsável pelo suplemento infantil do jornal “O Diário”. A partir daí, estava completamente envolvido com a literatura infantil. Um dos projetos de sucesso foi a revista “Era uma vez”, que começou a circular em 1947. Além da linguagem escrita, utilizou a televisão para dar cursos de literatura para crianças e jovens.

Da infância tranqüila em Cordisburgo, ficaram as lembranças de um dos companheiros – seu sobrinho, apenas dois anos mais novo – João Guimarães Rosa. A vida do menino Guimarães Rosa foi contada em uma das mais inspiradas obras de vovó Felício e também seu primeiro livro para adultos, lançado em 1971, Joãozito – a infância de João Guimarães Rosa. “Eu e Joãozito éramos tio e sobrinho, mas a vida mais nos ligou em especial fraternura, compartilhantes que fomos do mesmo quarto, de brinquedos, peraltices e de geral vivência” (Vicente Guimarães). Guimarães Rosa e seu “muito tio”, assim o sobrinho o chamava, trocaram vasta correspondência.

Sobre a biografia, Vicente declarou: “Linguagem trabalhada, estilo seu, com inovações e invenções, é melhor merecimento da literatura. Escritores devem seguir elevada escola, primorosa. Atesto. [...] Escrevo o meu primeiro livro para adultos. Procurei compô-lo em linguagem que você achava devia ser.”

No prefácio do livro biográfico, escreveu. “Não fosse você ter partido tão cedo e maravilhas muitas outras anexadas seriam ao nosso idioma. A morte não escolhe, não considera e não contemporiza. O tempo chegou, que importa o que se pretende realizar.”

E continua: “Nunca imaginar podia fosse você o primeiro a fazer saudade, e eu, sentindo-a, viesse escrever sobre a sua, a nossa infância. Sobrinho, e mais moço, você se foi antes e deixou-me, aqui, o tio muito amigo, “muito tio”, no seu expressar [...]”

Em 1960, o sobrinho já consagrado aprovou que vovó Felício adaptasse para as crianças um de seus contos. “Autorizo o Sr. Vicente de Paulo Guimarães a contar às crianças, escrevendo em linguagem sua, apropriada à infância, a história do meu conto “O burrinho Pedrês”, do livro Sagarana, e a publicar a história sob o título A última aventura do sete-de-ouros... Guimarães Rosa.

Sobre o pseudônimo, ele contava: “Fiz um concurso entre as crianças que liam os meus livros, para saber qual o nome gostariam de adotar para aquele autor que lhes contava tantas histórias, como se fosse já uma pessoa idosa [...] o primeiro nome, escolhido por unanimidade, foi vovô. Já o Felício nasceu de uma carta que recebi de uma criança que havia perdido seu avô chamado Felício, e que para ele significava felicidade.“

O amor às crianças e à literatura fez com que Vicente tomasse atitudes como de fundar bibliotecas e centros de recolhimento para menores abandonados e carentes – Lar dos Meninos –, mantido pela Prefeitura de Juscelino Kubitschek.

A última obra de vovô Felício – O menino do morro – foi em homenagem ao fundador da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis. Uma semana antes do seu falecimento, ele participou do lançamento do livro em Belo Horizonte.

“Vicente de Paulo Guimarães foi coerente com seus princípios e com o propósito de contar histórias para as crianças, tentando mostrar-lhes bons exemplos e, ao mesmo tempo, inspirar-lhes sadias reações. Jamais pensou em mudar sua linha e seu estilo literário, mesmo que pudesse, de outra forma, acelerar a venda de seus livros. Vovô Felício se atualizava com o progresso do mundo, sem se contaminar ou corromper“ (Carmem Schneider Guimarães).

Principais obras

- João Bolinha virou gente – João Bolinha virou selo dos Correios e se tornou nome de rua no Rio de Janeiro
- A última aventura do sete-de-ouros. Adaptação, a pedido de Guimarães Rosa, de um conto de Sagarana
- A princesinha do castelo vermelho
- Marisa
- Era uma vez uma onça
- Boa vida de João Bolinha
- A fama do jabuti
- Os bichos eram diferentes
- JK, o nono
- Bilac, história de um príncipe
- Rui Barbosa
- O infante D. Henrique
- Pedro Álvares Cabral
- O pastorzinho de Pouy, vida de São Vicente
- Joãozito – infância de Guimarães Rosa
- O pequeno pedestre
- Campeão de futebol
- Frangote desobediente
- Quinze minutos de poder
- Os três irmãos
- Grupp
- Uma cidade nasce
- Vida de rua
- O menino do morro – homenagem a Machado de Assis
- História de um bravo
- Anel de vidro – livro de versos e canções
- Coleção vovô Felício – composta de seis volumes

Fonte: www.descubraminas.com.br